sábado, 14 de janeiro de 2012

Sou um ser virtual



Hoje eu descobri de repente,
igual tapa de quem se ofende,
que eu sou irreal.
Um ser totalmente virtual.

Só existo em letras agrupadas em palavras,
palavras agrupadas em frases,
frases agrupadas em textos,
textos agrupados no meu ser.

Sou um mero produto de mim mesmo,
de textos polêmicos,
de fotos coladas,
com uma pitada de humor trabalhadas.

Ao vivo e a cores não tenho sabor,
desbotado igual desenho sem cor, sem valor.
Hoje eu descobri que não existo.

Eu mesmo só me vejo
em folhas impressas d’um jornal,
num lugar qualquer no monitor
ou em meus infindáveis sonhos.

Se eu mesmo todos os dias não me inventar,
se amanhã nada eu criar, nada eu sonhar,
na quarentena serei largado
e em pouco tempo para sempre deletado.

                                                          Vascão do pastel

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