Eles passavam na minha frente e me olhavam um a um, em silêncio, com olhos lagrimejados... nada falavam, baixavam a cabeça e se afastavam.
Verdades, mentiras, curiosidade, tudo me demonstravam aqueles olhares, mas... tinha agora um dom assustador de enxergar a alma e escutar bem alto o bater do coração ... uns sofridos, outros insensiveis e alguns até satisfeito morbidamente pela minha partida desta encarnação.
Sim... eu estava fisicamente morto e como sempre temi, podia testemunhar do lado de lá, tudo que acontecia ao redor daquela matéria cadavérica que eu recebi ao encarnar e devolvi ao desencarnar.
Nenhuma dor ou sofrimento terreno se compara ao de ver entes queridos chorando por sua partida e não poder tocá-los... não poder falar e disser “Estou bem...”
Essa é a penitência inicial que passei e que todos passarão. Depois, prestadas as devidas contas de minhas ações em vida, resgates com ou sem êxito, orientações dos espíritos superiores, segui para ser medicado com o bálsamo do amor espiritual. Lá reencontrei alguns dos que antes de mim vieram, não todos como eu esperava. Uma paz me carregou igual um colchão de nuvens e adormeci...
E eu voltei! Onde estive? Será que estive mesmo?
Não importa! O que importa foi “voltar” com as certezas de que a “morte” realmente não é o fim e que o amor cura nosso sofrimento mesmo depois de partirmos.
Vascão
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